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Os alertas dos índices econômicos


A taxa de juros cai mais uma vez e vai para 4,25%, mas deve parar por aí. O dólar chega a R$ 4,30 e pode atingir o bolso de todo brasileiro. A indústria do nosso país já sente a falta de componentes importados da China, paralisada com a epidemia do coronavírus. Governadores e o presidente da República se desentendem por causa do preço dos combustíveis, especialmente da gasolina, preços definidos pela Petrobras, uma empresa estatal.

As notícias econômicas se acumulam e parecem nos soterrar em uma maré de más notícias. Até as que parecem boas, a da redução da taxa de juros e a eventualidade de o governo zerar o imposto sobre os combustíveis, não são bem assim.

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) que anuncia o corte de juros é cheio de contradições. Afirma, ao mesmo tempo, que o Brasil está em recuperação, mas essa retomada da atividade econômica pode não ser tão boa quanto se projetava antes. Diz ainda que a taxa de 4,25% deve se manter até o fim do ano, mas o nível baixo dos juros pode dar um impulso para a inflação, ou seja, pode nos atingir e fazer com o que ganhamos não seja capaz de pagar tudo o que precisamos até o fim do mês.

Apesar de tanta contradição, na verdade o que se espera com a redução da taxa é que o brasileiro consuma um pouco mais e as empresas façam investimentos, dando uma aquecida na economia e uma acelerada no ritmo do crescimento. É bem difícil que isso aconteça, porque o desemprego ainda continua alto, a informalidade crescente, o mundo está em ebulição, os Estados Unidos entram em campanha presidencial e a China parou.

O comunicado não cita explicitamente os efeitos da epidemia do coronavírus na China sobre a atividade econômica, apesar de mencionar a maior incerteza do mercado externo como um fator que pode também mudar o quadro atual. E os efeitos da epidemia já se fazem sentir. Fabricantes de componentes eletrônicos começam a ter problemas para receber as peças. O setor farmacêutico e as montadoras de veículos estão preocupados. A indústria brasileira importa 20% de suas matérias-primas da China. Não é pouco.

Além disso, os chineses estão entre os maiores importadores de nossos produtos, como minério de ferro e carnes, só para citar dois. E essas importações já sentem o efeito a epidemia, caíram e vão nos atingir porque pesam em nossa balança comercial e afetam o resultado previsto do nosso Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas nacionais.

As incertezas são muitas sobre o futuro de nossa atividade econômica. A reforma tributária não entra na agenda parlamentar, apesar de ser prioridade na agenda do governo, e a reforma administrativa também está nesse compasso. E ainda temos um ano eleitoral pela frente, com a disputa pelas prefeituras e Câmaras Municipais.

Nesse cenário conturbado, o presidente da República levantou a possibilidade de zerar os impostos sobre os combustíveis, desde que os governadores abrissem mão de seus tributos, especialmente o ICMS. Não é algo possível. O governo federal se equilibra com um Orçamento apertado e tem um déficit de R$ 28 bilhões para cobrir. Os Estados vivem no vermelho, mal arrecadam para pagar a folha de pagamento do funcionalismo, sobra quase nada para investir. Nem um, nem os outros, podem abrir mão de recursos, deixar de financiar saúde e educação, por exemplo, para subsidiar quem anda de automóvel.

E a alta do dólar, para completar, pesa sobre tudo. Deve encarecer a gasolina, os aluguéis, o vinho importado, o custo do celular, as dívidas das empresas, os investimentos, as contas públicas, as viagens para fora do país. Quem vive de pagar aluguel é bom ficar alerta. O IGP-M, índice que prevê o reajuste da maioria dos contratos, é influenciado pelas variações da moeda americana porque se baseia na oscilação dos preços no atacado. O único alívio, para quem mora no Rio, é que o mercado de imóveis anda em baixa e os proprietários sempre estão dispostos a negociar os valores. No entanto, a cautela é sempre uma boa recomendação quando o dólar chega tão longe.

Por tudo isso, é sempre bom irmos com cuidado. Nada de sair gastando, comprando a prazo, menos ainda contando com os cheques especiais (que continuam com juros estratosféricos) e cartões de crédito (também com juros lá em cima). A hora é de planejar investimentos com calma, sem euforia. Não é para desesperar. Mas precaução nunca é demais.

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